Fonte [*]
Os erros e acertos do movimento masculino.
“Os garanhões confraternizam em bares, os eunucos confraternizam na igreja.” Esta observação de David Murrow mexeu comigo. Eu sempre prosperei na minha congregação, mas nunca tive certeza de que me encaixava no molde de masculinidade presente ao meu redor. Assim, da mesma forma que me ressinto da opinião de Murrow, esta no entanto, soa verdadeira: Em muitas igrejas, um certo tipo de homem é notoriamente ausente.
“Os garanhões confraternizam em bares, os eunucos confraternizam na igreja.” Esta observação de David Murrow mexeu comigo. Eu sempre prosperei na minha congregação, mas nunca tive certeza de que me encaixava no molde de masculinidade presente ao meu redor. Assim, da mesma forma que me ressinto da opinião de Murrow, esta no entanto, soa verdadeira: Em muitas igrejas, um certo tipo de homem é notoriamente ausente.
A
disparidade entre homens e mulheres atendidos nas igrejas americanas
fez os homens procurarem por ministérios especializados nas duas
últimas décadas. O Promisse Keepers iniciou o movimento masculino
em 1990 desafiando estádios cheios de homens e meninos a cumprir com
as suas obrigações com Deus e com suas famílias. Atualmente uma
literatura crescente tem observado a igreja, sugerindo que os homens
se envolvem pouco com a igreja por ela não encorajar a participação
masculina autêntica.
O
primeiro escritor a popularizar essa preocupação foi John Eldrege
cujo bestseller de 3 milhões de cópias vendidas Wild
at Heart (Thomas Nelson, 2001), lamenta a situação
dos homens que acreditam que Deus os colocou na Terra para serem bons
meninos pois isso coloca o espírito
masculino em risco. A tendência da igreja de promover o
discipulado
meramente como se tornar um “bonzinho” afasta
os homens de aceitar a masculinidade dada por Deus.
Wild
at Heart lançou as sementes de um “movimento masculino” cujo
objetivo era levar os homens a freqüentar as igrejas mudando sua
atmosfera. David Murrow, autor do livro Why Men Hate Going to
Church (Thomas Nelson, 2004), fundou o grupo Church for Men
porque, enquanto as congregações locais são “perfeitamente
designadas para alcançar mulheres e idosos”— com ênfase no
conforto, educação e relacionamentos — por isso oferecem pouco
para comover o coração masculino, então os homens acham isso chato
e irrelevante.”
Inspirado
por Murrow, o comediante Brad Stine entrou no GodMen, um ministério
que prove um ambiente no qual homens podem ser homens; rústicos e
desinibidos; completamente livres para se expressar de um modo que
apenas homens compreendem.” Em um encontro de 2002 do GodMen, o
evento contou com vídeos de lutas de karatê, perseguições de
carro e músicas como “Grow a Pair!” na qual se lê em sua
letra:
Nós
fomos derrotados
Feminizados pela cultura coletivista
Chega de ser bonzinho, timido e envergonhado
Pegue a espada, não se assuste
Seja homem, honre suas bolas!
Feminizados pela cultura coletivista
Chega de ser bonzinho, timido e envergonhado
Pegue a espada, não se assuste
Seja homem, honre suas bolas!
Esta
canção não é cantada com a melodia de “In the Garden.”
A
mensagem da Church for Men e GodMen está repercutindo
nos ministérios de todas as estirpes. Seguindo o conselho de Murrow,
Don Wilson, pastor da Christ's Church of the Valley na Peoria,
Arizona, levou todo o seu ministério na meta de alcançar os homens
jovens. E mesmo seu ministério não atendendo homens
particularmente, Mark Driscoll, pastor da Mars Hill Church de Seatle,
deseja mais testosterona no Cristianismo contemporâneo. Na opinião
de Driscoll, a igreja tem produzido “um bando de garotos bonzinhos,
delicados, sensíveis e emasculados. 60% dos cristãos estão
efeminados,” ele explica, “e os 40% restantes são caras
assexuados.”
O
aspecto da igreja que os homens acham menos atraente é a concepção
de Jesus. Driscoll fala sobre isso sem rodeios no seu sermão “Death
by Love”em 2006 na conferência de teologia Resurgence (Disponível
em TheResurgence.com). De acordo com Driscoll, homens de verdade
evitam a igreja porque ela projeta um “Jesus hippie, com cara de
Richard Simmons e esquisitão” pelo qual “ninguém viveria ou
morreria.” Driscoll explica, Jesus não foi um cara cabeludo e
efeminado”; na verdade ele tinha as mãos calejadas e um braço
musculoso.” Esse é o tipo de Cristo que atrai os homens — o que
Driscoll chama de “Ultimate Fighting Jesus.”
Paul
Coughlin, autor de No More Christian Nice Guy (Bethany House,
2005), concorda: O problema com o Jesus fracote da imaginação
popular é que “um Jesus dócil e meigo é indiscutivelmente chato
e incapaz de nos inspirar.”
Eu
respeito o que esses autores estão procurando fazer. Eles reconhecem
que o Jesus da Bíblia — ao contrário do Jesus da arte e música
cristã contemporânea — não tinha medo de denunciar, desafiar e
ofender. Afinal de contas, ele chamou os fariseus de víboras e Pedro
de Diabo. Assim, a maior contribuição do movimento é identificar o
modo como a igreja reduziu a doutrina cristã a obediência dos
próprios costumes. Murrow está certo; grande parte da experiência
típica da igreja é ser “doce e sentimental, educado e bonzinho.”
Para esses autores, bonzinho
é um palavrão que resume a digressão da igreja da doutrina radical
para a simples moralização. Em suma, o movimento nos lembra no que
Jesus e Paulo insistiram: O evangelho é uma ofensa e a doutrina é
um convite para a cruz.
Re-masculinizando
Jesus
The Church Impotent: The Feminization of The Church |
A
solução do movimento masculino assume que Jesus veio para modelar a
verdadeira masculinidade. Os autores não dizem isso explicitamente,
mas a retórica utilizada assume que os instintos masculinos são
inerentemente divinos. Em Wild at Heart Eldredge afirma,
“Nunca nos foi dito para matar o verdadeiro homem dentro de nós,
nunca nos disseram para nos livrarmos dos desejos por batalhas,
aventuras e beleza.” O GodMen repete o tema: Nossa
masculinidade não foi reduzida por acreditarmos (…) que somos
tementes e preparados maravilhosamente.” Essas declarações implicam
que quando a igreja adota a psicologia masculina, ela atinge seu
propósito, mas quando ela se conforma com uma psique supostamente
feminina se torna uma aberração.
Murrow
procura evitar essa conclusão insistindo que a igreja é mais
saudável quando se parece com um bolo mármore, com a
masculinidade e a feminilidade presente em partes iguais. Mas o que
ele dá com uma mão ele tira com a outra. Ele diz que as mulheres
acreditam que o propósito do cristianismo é encontrar “uma
relação feliz com um homem maravilhoso”- Jesus - Ao passo que os
homens reconhecem o chamado divino para “salvar o mundo das causas
impossíveis.” Enquanto ele afirma ter uma história do seu lado.
Quando a igreja era masculina ela cumpria seu propósito. Mas no
século 19, as mulheres “começaram a modelar a igreja a sua
própria imagem” (e elas continuam a fazê-lo), o que desviou a
igreja do seu propósito.
Driscoll
chega mais perto ao imaginar Jesus como o modelo de masculinidade
quando ele argumenta que “motoristas dirigindo um Cabriolet
enquanto bebem leite com pêra” não representam a masculinidade
bíblica, porque homens de verdade – como Jesus, Paulo e João
Batista – são “machos: heterossexuais, briguentos do tipo que
não levam desaforo para casa.” Em outras palavras, porque Jesus não
é um “riponga efeminado,” o homem criado a sua imagem não é um
frouxo afrescalhado: eles são agressivos, assertivos e de poucas palavras.
Eu
tenho minhas dúvidas quando os únicos modelos possíveis são
“metrossexual” e “lutador de vale tudo.” Como Jesus eu
trabalhei como carpinteiro, e suei cortando lenha. Mas eu não meço
minha masculinidade pela grossura do meu pescoço, eu não suaria
para ganhar a vida. Estou mais feliz quando leio e escrevo. Eu gosto
de leite com pêra.
Além
de oferecer uma visão estreita de masculinidade, essa estrutura
exclui as mulheres totalmente da doutrina real. Para começar, isso
põe a culpa nela pela palavra consoladora. Deixada a cargo delas, a
igreja se torna boa, afirmativa e perde sua visão para
alcançar o mundo. Pior ainda, se Cristo é o modelo de
masculinidade, logo as mulheres não podem imitá-lo. Elas podem
persegui-lo como o amante de suas almas. Elas podem imitar sua
devoção ao Pai nas relações com seus maridos. Mas não podem vir
a se tornar como ele na essência.
Jesus,
Plenamente Humano
Felizmente
para as mulheres e homens, a Bíblia nunca fala dos cristãos como
homens e mulheres reformados, mas como criaturas totalmente novas (2
Coríntios. 5:17). A queda fez mais danos ao coração humano do que
o movimento masculino parece disposto a admitir. Por exemplo, as
inclinações naturais do homem pode levá-lo a ser o “Mandão,
Audacioso, Impetuoso, Valentão e Bronco” como um dos ditos do
GodMen sugere. Mas a maioria destas são qualidades do antigo homem
que são destruídas quando é transformado na imagem de Cristo. O
desejo de um homem para a batalha, com o punho ou a caneta - pode
muito bem ser natural, mas isso não os torna divinos
automaticamente. Em outras palavras, a conversão não santifica
nossos instintos; ao contrário, ela exige a submetermos todos os
nossos instintos para o pastoreio de Cristo e crucificar os pecados, o
que Paulo chama de "carne" (Ef. 2).
Mais
importante, as escrituras não dão qualquer indicação de que Jesus
veio a Terra para modelar a masculinidade. Ele é a “imagem do Deus
invisível, o primogênito de toda a criação” (Col. 1:15). E como
tal, ele não é simplesmente o homem perfeito; ele é o ser humano
perfeito. Através de sua obediência ao Pai, Cristo exibiu as
qualidades que devem caracterizar todos os que nele crêem, tanto
homens quanto mulheres.
A
entrada triunfal de Jesus é corriqueiramente considerada a evidência
da essência de sua masculinidade. Parece razoável: Enfurecido pela
blasfêmia no templo dos sacerdotes, Jesus vira as mesas e chicoteia
os mercadores numa demonstração de agressão justificada. Mas a
história deve ser compreendida no contexto do evangelho de Lucas
completo. Em Lucas (13:34), Jesus descreve seu amor por Jerusalém em
termos maternais. Ele quis reunir Israel “como uma galinha acolhe
seus pintinhos debaixo da asa.” Antecipando sua entrada final em
Jerusalém, ele diz que visitará o Templo de Jerusalém quando o
povo proclamar “Abençoado é aquele que vem em nome de Deus!” No
que ele chega próximo a cidade em Lucas 19, ele chora com seus
discípulos. Apenas após isso ele persegue os mercadores do templo.
Em outras palavras, a limpeza do templo foi premeditada - e não uma
explosão de raiva masculina, mas uma expressão apaixonada e
simbólica do julgamento de Deus.
Meu
ponto é o seguinte: Se Adão e Eva ilustram as diferenças
essenciais entre o homem e a mulher, Cristo destaca a unidade
essencial deles. Todos os cristãos são chamados a imitar Cristo
exibindo as mesmas qualidades; Paulo não faz distinções entre os
frutos masculinos e femininos do espírito. De fato, a evidência do
trabalho espiritual é bem diferente das qualidades que o movimento
masculino tipifica como um homem de “verdade”. Ao invés de
“impetuoso, ofensivo” (Stine), “auto-suficiente, competitivo”
(Murrow), “agressivo” (Driscoll), Paulo diz que aqueles que
estiverem cheios do espírito santo serão amáveis, pacientes,
pacíficos, generosos e gentis.
O
movimento masculino gostaria que imitássemos o Jesus glorificado –
aquele que retornará montado em um cavalo e brandindo a espada do
julgamento final. Esse certamente é o Jesus que veneramos. E não
o Jesus que somos ordenados a imitar. As únicas vezes que Jesus
aparece nas escrituras como um guerreiro são em suas aparições
pré-incarnadas no velho testamento e na glória pós-ressureição.
Nosso modelo de comportamento é o Filho sofrido, não o glorificado.
A humanidade na imagem de Cristo não é agressiva e combativa; é
humilde e pobre (Fil. 2:5). Somos mais parecidos com Cristo não
quando ganhamos uma luta, mas quando sofremos por causa da justiça
(Efé. 5:1-2) (Tess. 1:6; 2:14).
Argumentar
por características comuns entre homens e mulheres é
diferente de reivindicar por papéis idênticos. Eu quero enfatizar as
diferenças significantes entre homens e mulheres ou os desafios
distintos que homens e mulheres encaram na doutrina. Se a coragem é
algo de Cristo, então tanto homens quanto mulheres devem desenvolver
a coragem, mesmo que o modo como ambos a desenvolvam possa se
diferenciar. Em outras palavras, devemos desconfiar de qualquer
interpretação das escrituras que simplesmente confirma os nossos
instintos. Se é mais natural para um homem ser agressivo e para uma
mulher ser passiva, então um genuíno encontro com Cristo deve
desafiar o homem a ser gentil (Gal. 5:23) e uma mulher a ser forte (2
Tim. 1:7). O desafio da doutrina se aplica tanto a homens quanto a
mulheres.
A
Virilidade Verdadeira
De
fato, Jesus não tinha medo de ofender e repreender. Ele nunca foi
gentil em detrimento da verdade. E essas qualidades não são
apenas masculinas; elas são divinas. Impor qualidades que
consideramos masculinas na imagem de um Jesus que consideramos
feminino não resolve o problema. Ele só nos dá um novo problema -
outro Jesus culturalmente moldado, puramente masculino dessa vez.
O
jeito de recuperarmos a imagem do Jesus Bíblico é sugerirmos aos padres e pastores que falem nos cultos/missas sobre as demonstrações de masculinidade e virilidade de Jesus ao invés de se focarem somente no aspecto da Graça e Compaixão de Cristo. No
processo, devemos lembrar que o propósito da doutrina vai além de se
tornar primariamente homem ou mulher por inteiro, faz parte da doutrina ser transformado
na imagem de Cristo. No fim das contas, a imagem do Jesus Bíblico
apresenta um modelo mais radical do que o Homem Jesus. Jesus era
corajoso, honesto e destemido. Ainda assim sua força era medida
tanto pela sua prontidão em socar malfeitores na boca, quanto em seu
sofrimento na mão dos fracos pelo seu bem. Onde tal força é
encontrada - seja num homem ou numa mulher, num bebedor de leite com pêra ou
num bronco – essa é a força divina.
[*] Traduzido com algumas adaptações
Leia também:
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* * * * * *
Uma questão importante que ficou de fora desse texto é “Com o que se parece a masculinidade equilibrada e como alcançá-la?”
Felizmente o Padre Paulo Ricardo aponta os caminhos:
[*] Traduzido com algumas adaptações
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Uma questão importante que ficou de fora desse texto é “Com o que se parece a masculinidade equilibrada e como alcançá-la?”
Felizmente o Padre Paulo Ricardo aponta os caminhos:
Falar da forma de guerreiro de Jesus ninguém fala, segundo a biblia ele expulsou satanás para a terra, e não foi de forma compassiva. Realmente, a religião mostra Jesus como um bundão, o que ele não era.
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