O
governo reconhece o casamento porque este é uma instituição que
beneficia a sociedade de uma forma que nenhum outro tipo de
relacionamento faz.
Praticamente
todas as sociedades políticas possuem relacionamentos heterossexuais
regulamentados. Isso ocorre não porque o governo se preocupa com o
romance como tal, mas porque reconhece o relacionamento heterossexual
como o único que gera novos seres humanos. Para as crianças, que
são altamente dependentes, não há outro caminho para a maturidade
física, moral e cultural — não há caminho para a
responsabilidade pessoal — que não seja um longo e delicado
processo de constante atenção e supervisão para que pais e mães
proporcionem dádivas únicas. A menos que as crianças amadureçam,
elas nunca se tornarão saudáveis, corretos e produtivos membros da
sociedade. O casamento existe para fazer dos homens e das mulheres
indivíduos responsáveis um para com o outro e com os filhos que
eles venham ter.
O
matrimônio é então um relacionamento pessoal que serve a um
propósito geral em uma comunidade política. Como o falecido
sociólogo James Q. Wilson escreveu, “O casamento é uma solução
socialmente arranjada para o problema de como fazer as pessoas
ficarem juntas e cuidarem dos seus filhos, problema esse que o mero
desejo de ter rebentos, e o sexo que os concebe, não soluciona.”[8]
O
casamento é o meio menos restritivo que a sociedade possui de
assegurar o bem-estar das crianças. O colapso marital enfraquece a
sociedade civil e os limites governamentais.
O
casamento é o meio menos restritivo que a sociedade possui de
assegurar o bem-estar das crianças. O seu reconhecimento pelo
governo protege as crianças ao incentivar homens e mulheres a se
comprometerem um com o outro e a assumirem a responsabilidade por
seus filhos.
Pesquisas
científicas confirmam a importância do casamento para os filhos. De
acordo com as melhores evidências sociológicas disponíveis, as
crianças se saem melhor em praticamente todos os indicadores
examinados quando criadas por seus pais biológicos casados. Estudos
que incluem outros fatores, incluindo pobreza e até mesmo genética,
sugerem que crianças criadas em lares intactos apresentam melhor
rendimento escolar, saúde emocional, desenvolvimento familiar e
sexual, e menores índices de delinquência e encarceramento.[9]
Um
estudo publicado pela instituição de esquerda Child Trends
concluiu:
Não
se trata apenas da presença de dois pais... mas a presença dos dois
pais biológicos que parece estimular o desenvolvimento infantil.[10]
A
pesquisa claramente demonstra que a estrutura familiar é importante
para as crianças, e a estrutura que mais as beneficia é a de uma
família formada pelos dois pais biológicos em um casamento com
poucos conflitos. As crianças inseridas em famílias de pais
separados, as nascidas de mães solteiras e as que possuem pais
adotivos ou que estão em meio a relacionamentos de parceiros
coabitantes possuem maiores chances de apresentar resultados ruins…
Portanto, considerando-se as crianças, há utilidade em promover o
casamento sólido e estável entre os pais biológicos.[11]
Segundo
um outro estudo, “A vantagem do casamento parece existir
principalmente quando a criança é fruto do relacionamento de ambos
os pais.”[12]
As revisões da literatura recente conduzidas pela Instituição
Brookings, pela Escola Woodrow Wilson de Assuntos Públicos e
Internacionais da Universidade de Princeton, pelo Centro de Direito e
Política Social, e pelo Instituto dos Valores Americanos corroboram
a importância de lares intactos para as crianças.[13]
Essas
estatísticas adentraram na vida dos americanos de tal maneira que
até mesmo o Presidente Barack Obama se refere a elas como conhecidas
por todos:
Nós
conhecemos as estatísticas—que crianças que crescem sem um pai
são cinco vezes mais propensas a viver na pobreza e a cometer
crimes; nove vezes mais propensas a abandonar a escola e vinte vezes
mais propensas de terminar na prisão. São também mais suscetíveis
a possuir problemas comportamentais, ou fugir de casa, ou serem pais
na adolescência, e os alicerces da nossa sociedade estão mais
fracos devido a esses problemas.[14]
Os
pais são importantes, e o casamento ajuda a conectar os pais às
mães e às crianças.
As
declarações de cientistas sociais afirmando demonstrar que “não
há diferenças” nos resultados para as crianças que crescem em
lares homossexuais não modificam essa realidade. De fato, os mais
recentes e sofisticados estudos sugerem que as pesquisas anteriores
são insuficientes para sustentar a afirmação de que “não há
diferenças” se uma criança for criada pais homossexuais.[15]
Um levantamento, incluindo 59 dos mais notáveis e frequentemente
citados estudos acerca dessa questão, mostra que eles partem
principalmente de amostras de conveniência que não são apropriadas
para generalizações em torno de toda a população.[16]
Enquanto
isso, os últimos estudos usando métodos rigorosos e amostras
sólidas confirmam que crianças se desenvolvem melhor quando criadas
por um pai e por uma mãe casados. Dentre esses estudos se incluem o
Estudo de Novas Estruturas Familiares realizado pelo Professor Mark
Regnerus da Universidade do Texas–Austin [17]
e um relatório baseado nos dados do Censo recentemente divulgados
pelo respeitado jornal Demography.[18]
Ainda
assim, a opinião dos cientistas sociais a respeito da paternidade
homossexual é um ponto importante no debate em curso, no entanto ela
não deve ditar as escolhas a respeito do casamento. Estudos recentes
usando métodos fiáveis sugerem que há muito mais para se aprender
sobre como as variações nas estruturas familiares afetam as
crianças, e as ciências sociais oferecem uma base insuficiente para
a redefinição do casamento.
O
colapso marital pesa no bolso dos pagadores de impostos
O
casamento beneficia a todos pois a separação entre a criação e
educação das crianças e a união conjugal sobrecarrega
espectadores inocentes: não apenas as crianças, mas toda a
comunidade. Frequentemente, a sociedade precisa intervir (mais ou
menos diretamente) para prover o bem-estar e a educação delas.
Portanto, ao incentivar as normas conjugais de monogamia,
exclusividade sexual e continuidade, o Estado está fortalecendo a
sociedade civil e reduzindo sua própria função.
Ao
reconhecer o casamento, o governo estimula o bem-estar econômico. Os
benefícios do matrimônio levaram o Professor W. Bradford Wilcox a
resumir um estudo que ele conduziu como parte integrante do Nation
Marriage Project, da Universidade de Virgínia, desta forma: “A
mensagem central... é que a prosperidade das nações depende em
grande parte da saúde da família”.[19]
O mesmo estudo sugere que o casamento e a fertilidade tendem a
“exercer uma função subvalorizada, porém importante, ao fomentar
o crescimento econômico a longo prazo, a viabilidade do estado de
bem-estar social, e a saúde de grandes setores da economia
moderna”.[20]
Dadas
essas vantagens econômicas, não há surpresa em saber que o
declínio do casamento afeta principalmente os menos favorecidos. Um
indicador importante que demostra se alguém irá empobrecer ou
prosperar é se, ao crescer, ele ou ela terá conhecido o amor e a
segurança de possuir um pai e uma mãe casados. Por exemplo, um
relatório recente conduzido por Robert Rector da Heritage Foundation
ressalta: “Crescer em uma família de pais casados reduz a
probabilidade de uma criança viver na pobreza em 82%.”[21]
A
corrosão do casamento não prejudica apenas as vítimas imediatas,
mas também a sociedade como um todo. Um estudo da Instituição
Brookings constatou que 229 bilhões de dólares gastos em programas
assistencialistas entre 1970 e 1996 podem ser atribuídos ao colapso
da cultura matrimonial e à resultante exacerbação das doenças
sociais: gravidez na adolescência, pobreza, bandidagem, abuso de
drogas e problemas de saúde.[1]
Um outro estudo, de 2008, concluiu que a criação dos filhos de pais
divorciados e solteiros custa 112 bilhões de dólares aos
contribuintes anualmente,[23]
e o pesquisador David Schramm, da Universidade do Estado de Utah,
avaliou que o divórcio, sozinho, custa ao governo, a nível local,
estadual e federal, 33 bilhões de dólares a cada ano.[24]
O
reconhecimento civil do casamento como a união de um homem e de uma
mulher serve aos fins de limitação da atuação do governo de forma
mais efetiva, menos invasiva, e a um menor custo, se comparado ao de
recolher os cacos de uma cultura matrimonial despedaçada.
O
governo pode tratar as pessoas igualmente — e deixá-las livres
para viver e amar da forma que escolherem — sem redefinir o
casamento.
Embora
respeite a liberdade de todos, o governo corretamente reconhece,
protege e promove o casamento como a instituição ideal para a
criação e a educação dos filhos. Adultos são livres para fazer
suas escolhas a respeito de seus relacionamentos e não necessitam de
sanções governamentais ou licenças para fazê-las.
O
governo não tem como função afirmar o amor. Ao invés disso, deixa
os adultos livres para viver e amar como quiserem. Ao contrário do
que alguns dizem, não existe uma exclusão do casamento homossexual.
Nada a respeito dessa modalidade de relacionamento é ilegal. Em
todos os 50 estados, duas pessoas do mesmo sexo podem viver juntas,
participar de uma comunidade religiosa que abençoe seu
relacionamento e buscar um emprego que ofereça benefícios
conjuntos. Não há nada de ilegal nisso.
O
que está em questão é se o governo reconhecerá outros tipos de
relacionamento como casamento – e então forçar todos os cidadãos,
instituições religiosas e empresas a fazer o mesmo. Está em
questão se os políticos irão coagir e obrigar os outros
a reconhecer e admitir os relacionamentos homossexuais como
casamentos. Todos os americanos são livres para viver da forma que
escolherem, mas não possuem o direito de redefinir o significado do
casamento para os demais.
Apelos
ao “casamento igualitário” são bons slogans, mas demonstram
possuir um raciocínio imprudente. Todas as leis fazem distinções.
Igualdade perante a lei protege os cidadãos de distinções
arbitrárias ,
de leis que os tratam diferentemente sem
qualquer motivo para tal. Para saber
se uma lei faz as distinções certas— se as suas linhas
limitadoras são justificáveis— é preciso saber a finalidade da
lei e a natureza do direito a ser promovido ou protegido.
Se
a lei reconhecer “ casais ”
homossexuais como cônjuges, alguém não argumentaria que ela não
respeita a igualdade dos cidadãos em relacionamentos poligâmicos?
Aqueles mais inclinados a esse tipo de relacionamento não estão
sendo tratados injustamente quando seus vínculos românticos
consensuais não são reconhecidos, sendo dessa forma seus filhos
estigmatizados e seus impostos de renda encarecidos?
Esse
exemplo não é hipotético. Em 2009, o Newsweek
relatou que havia mais de 500,000 lares poligâmicos nos Estados
Unidos.[25]
Acadêmicos importantes e ativistas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais
e transgêneros) clamam pelo “casamento igualitário” para
relacionamentos poligâmicos desde 2006, pelo menos.[26]
Se
a complementariedade sexual, como uma característica essencial do
casamento, é desconsiderada, então não há princípios que limitem
o casamento civil a casais monogâmicos.
Os
apoiadores da redefinição usam a seguinte analogia: As leis que
definem o casamento como uma união de um homem e de uma mulher são
injustas — fracassam em tratar as pessoas igualmente — exatamente
como as leis que proibiam o casamento interracial. Eles assumem
exatamente o que está em discussão: que o gênero é tão
irrelevante quanto a raça no reconhecimento do casamento pelo
Estado. No entanto, o casamento não tem nada a ver com a cor da
pele, mas tem tudo a ver com homens e mulheres; maridos e esposas; e
mães, pais e filhos, e este é o motivo pelo qual uma política
baseada em princípios define o casamento como a união de um homem e
uma mulher.
O
casamento deve ser daltônico, mas não pode ignorar os gêneros. A
cor da pele de duas pessoas não tem nenhuma ligação com qual tipo
de vínculo conjugal elas possuem. Contudo, a diferença sexual entre
um homem e uma mulher é fundamental para o casamento. Homens e
mulheres, independentemente de suas raças, podem se casar, e
crianças, independentemente de suas raças, necessitam de pais e
mães. Reconhecer tais fatos requer um entendimento, em um nível
fundamental, de o que compõe um casamento.
Nós
colhemos os benefícios que o casamento traz para a sociedade civil
apenas se as leis respeitarem sua natureza.
O
Estado possui interesses em relação ao casamento e às normas
conjugais porque esses servem ao bem comum ao proteger o bem-estar
das crianças, da sociedade civil e ao criar limitações para o
governo. As leis maritais funcionam ao incorporar e promover uma
verdadeira visão a respeito do casamento, uma visão que faça as
normas possuírem sentido como um todo coerente. Não há nada de
mágico na palavra “casamento”. Não é apenas sua designação
legal que incentiva a adesão às normas conjugais.
A
realidade social do casamento e a inteligibilidade de suas normas são
as condições que o fazem funcionar, pois ajudam a canalizar
comportamentos. As leis influenciam a cultura, a cultura influencia
crenças, e crenças influenciam ações. As leis ensinam, e não
moldarão apenas um punhado de casamentos, mas todo o entendimento
popular a respeito do que o casamento é.
O
governo incentiva o casamento para fazer dos homens e das mulheres
indivíduos responsáveis um para com o outro e com os filhos que
eles venham a ter. A promoção das normas conjugais serve aos mesmos
fins. Os princípios da monogamia e da exclusividade sexual estimulam
a gravidez num contexto em que é mais provável que as crianças
cresçam ao lado de seus pais e suas mães. Esses princípios também
ajudam a assegurar a responsabilidade e o comprometimento
compartilhados entre os cônjuges, proporcionam atenção suficiente
tanto do pai quanto da mãe para o filho, e evitam o ciúme sexual e
familiar, que de outro modo estaria presente.
O
princípio da continuidade assegura que os filhos serão cuidados por
seus pais e mães até, pelo menos, atingirem a maturidade, além
também de proporcionar a estrutura familiar necessária para o
convívio intergeracional, já que os pais idosos são cuidados por
seus filhos adultos, e dessa forma os avós ajudam na educação de
seus netos, sem as complicações das famílias fragmentadas.
Se
as leis ensinassem uma mentira acerca do casamento, se tornaria mais
difícil para as pessoas seguirem as normas conjugais, porque elas
não fariam sentido, por uma questão de princípios, uma vez que o
casamento se resume à intensidade dos sentimentos. Não haveria uma
razão de princípio que exigisse que a união emocional fosse
contínua ou limitada a duas pessoas, muito menos sexualmente
exclusiva, e tampouco que devesse ser inerentemente direcionada à
vida familiar e moldada por suas demandas. Isso não quer dizer que
um casal não pudesse escolher seguir tais normas, onde o
temperamento ou os gostos tanto os motivam, mas apenas que não
existiria razão de princípio que os exigissem a seguir tais normas.
A consagração legal dessa visão alternativa do casamento solaparia
as normas, cuja a ligação ao bem comum é a base para o
reconhecimento do casamento pelo Estado, em primeiro lugar.
Na
medida em que a sociedade enfraquece o alicerce racional das normas
conjugais, menos pessoas as seguiriam, e menos pessoas colheriam os
benefícios dessa instituição. Isso afetaria não apenas os
cônjuges, mas também o bem-estar de seus filhos. A maior
preocupação não é quanto ao fato de que alguns casais
homossexuais poderiam educar crianças, e sim pelo fato de que seria
muito difícil para as leis transmitirem a mensagem de que os
pais são importantes,
quando o casamento foi deturpado para tornar os
pais opcionais.
Portanto,
enfatiza-se a ligação entre as questões centrais nesse debate: O
que é o casamento. e porque o Estado o promove? Não é que o Estado
não deva
exercer sua função básica enquanto suplanta o verdadeiro
significado do casamento. Em vez disso, ele não pode exercê-la.
Apenas quando seus governantes compreendem a natureza do casamento
corretamente, uma comunidade pode colher os benefícios que o
reconhecimento dessa instituição traz para a sociedade civil.
Finalmente,
a defesa do casamento como a união entre um homem e uma mulher não
é uma desculpa para a animosidade contra aqueles que possuem
atrações por pessoas do mesmo sexo ou para se ignorar as
necessidades individuais de alguém que, por qualquer razão, pode
nunca se casar. Eles não valem menos do que os outros e merecem
atenção e respeito, ainda que essa mesma atenção diligente para
com o bem comum exija a proteção e o fortalecimento da cultura
matrimonial pela promoção da verdade acerca do casamento.
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